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12 de dezembro de 2008

CRIMES PASSIONAIS

Celular toca.

Ela atende ofegante, depois de constatar no visor que era a ligação que tanto esperava.

Ok, ela concorda com o encontro proposto pela pessoa do outro lado da linha após 8 segundos de meias palavras carinhosas que queriam dizer, na verdade: QUERO TE COMER.
Não levaria 3 se o sujeito falasse logo, sem contar com o tempo do "ALÔ".

Ela se ilude, claro. Após 15 segundos, acha que o cara já disse que a ama em senegalês, mas ela é que não soube traduzir o idioma.
E concorda com o encontro.

Muda o roteiro do dia, cancela compromissos importantes. E marca o check-up total no seu pet-shop de confiança.


Faz depilação de todas as partes do corpo onde haja pêlo. E descolore os que não dá para arrancar. Faz drenagem linfática, unhas, hidrata cabelo, corta, escova e sai de lá um tantão mais bonita. E mais pobre.

Compra lingerie de renda francesa, usa perfume Calvin Klein e maquiagem das mais caras.
Passa hidrantantes no corpo inteiro. Se besunta de óleos especiais em partes que somente um obstetra poderia ver.


Prepara a casa com aromas, sabores e ritos.
Prepara a cama com apetrechos de toda ordem.

E prepara a alma com expectativa.

Celular toca.
O visor denuncia o nome do sujeito pelo qual ela está assim, absolutamente desesperada.
Ele está na portaria e vai subir.

O coração dela acelera. Dá saltos igualáveis a um mergulho de bungee jump.

Abre a porta para ele, esperando antes de mais nada, o olhar cobiçador seguido da palavra romântica.
Nada. Nada de flores. Nada de palavras. Nada de olhares.
Ele pula em cima dela sem ao menos reparar no quilo de massa corrida que passou na cara.
Sem sentir o cheiro da casa, sem ouvir a música, sem ver o corte de cabelo.
O vestido dela desce até o joelho em milésimos de segundos, enquanto ele sussurra em seu ouvido palavras obscenas.
Não vê o sutiã de renda, porque o arranca enquanto a beija.
E rasga sua calcinha como quem abre um sachê de ketchup.
Para quê cama com lençóis de algodão egípcio, se a primeira coisa que ele vê na frente é o sofá ?
Não há Veuve Clicquot que lhe seja aprazível beber, embora ela tenha empregado uma fatia do seu décimo terceiro em duas garrafas.

Entre um amasso e outro, comenta que seu perfume é forte demais.
Mas continua com a cara enfiada nos peitos dela.
E mesmo percebendo que não há um pêlo sequer povoando toda a sua extensão corporal, não comenta nada porque deve pensar que ela nasceu assim, filha de índio.
Embora, obviamente, não haja flechas na decoração de sua casa.

Aos poucos, empurra a cabeça dela para dentro da sua calça. E começa a looooooonga espera em busca do seu próprio prazer.
De braços cruzados e olhos fechados, sorri gemendo.
E fica nesse prazer que, para ele dura uma eternidade. E para ela, representa o momento mais engasgado de sua vida, quando está com a boca ocupada demais para reclamar. E por pouco, não morre entalada.

Em poucos minutos, ele procura buracos nela.
E começa a ser rápido, muito rápido. Tão rápido que ela pensa que se encontrou com uma britadeira. Das que fura e faz barulho em seu ouvido.

E quando ela acha que está para ficar bem feliz, como qualquer mulher merece, ele vai dá o urro final, antes de desligar a máquina e dizer que o brinquedo ficou sem pilha.

E roncará nos próximos 20 minutos, após ter grunhido algo ininteligível aos seus ouvidos perfurados. E vai ficar assim, sem dizer uma palavra, mesmo estando em sua casa, em sua cama e ainda dentro da sua vagina.

AÍ ELA PENSA:
"Assim é que nascem as serial killers."



8 de novembro de 2008

DESSA VEZ É PRA VALER




Só queria que você soubesse,

que mesmo passado esse tempo

ainda te amo do mesmo jeito

como da última vez que o vi...

Um ano se passou

e já é hora de abrir a tranca que coloquei no peito...

Achei que seria fácil.

Pelo visto, me enganei.

Amar nunca é facil.

Esquecer, menos ainda.

Quando decidi pelo fim,

tomei uma decisão pensando na dor que pudesse causar a terceiros.

BURRA..............

Só feri a mim, hoje eu sei.

Porque saí te amando.

Nunca te disse ao vivo, olhando em teus olhos...

Talvez nem precisasse.

Há coisas que não precisam ser ditas pra serem sentidas.

Mas talvez eu tenha lhe feito um favor me afastando.

Só sei que meu peito ainda arde de saudade, não por faltar alguém...

Mas por faltar você.

Faltar o que tínhamos.

O que sentíamos juntos.

Decidi, de vez, te apagar.

Meu amor não se acabará, mesmo usando essa borracha.

Mas vou rasgar a página da minha vida em que parei em você...

Dessa vez, é pra valer...

5 de novembro de 2008

TECLA DEL


Depois que a Igreja Católica aprovou a criação de um santo padroeiro para a internet, Santo Isidoro de Sevilha, me pego pensando em todos os momentos de agonia em que já estivemos rezando por um milagre em frente a um computador.

Se todas as novenas que repassamos fossem me conceder um pedido em 7 dias, eu já estaria com um condomínio de apartamentos à beira mar.

O mundo virtual religioso seria prodigioso se fosse verdadeiro.
Muitos pecados cometidos poderiam ser absolvidos com o cidadão ajoelhado em frente a CPU com o mouse nas mãos.

Todos aqueles que bloquearam um ex no MSN, que enviaram correntes, que visitaram sites obscenos ou que ignoraram o email de um amigo seriam para sempre excomungados.

Hordas de hackers malfeitores seriam queimados em praça pública.

E todas as caixas de entrada estariam sempre lotadas de emails enviados pelo amor da sua vida.

Obviamente, estaríamos pra sempre livre do demônio dos SPANS.

Mundo perfeito se pudéssemos dar um PRINT SCREEN em todos os sorrisos que já nos ofertaram os seres humanos. E feedback fosse uma tecla fácil de apertar quando alguém não lhe destina o elogio merecido.

Pena não podermos SALVAR COMO todas as declarações de amor inesperadas que já ouvimos na vida.

E que o Google não possa implantar um chip em nossa cabeça pra buscar todas as informações que queremos num piscar de olhos.

Se milagres virtuais existissem, eu pediria apenas a possibilidade de usar o CONTROL Z na vida.

Pra nunca mais repetir as burradas que um dia fiz.

Afinal, não é em tudo que se pode dar um DELETE.



TEXTO: MICHELINE MUSTAFA



2 de novembro de 2008

EXTINÇÃO

Sabe, estive pensando...
Acho que o IBAMA ainda não tomou consciência de que deveria figurar entre a sua lista dos animais extintos o bicho homem. Quer ver? Vou te mostrar uma coisa...

O URSO PANDA...
Já sei, ele não é bicho brasileiro. Mas é lindo aquele ursinho, preto e branco, originário da China. Ele é vegetariano, se alimenta basicamente de bambus, tem dificuldade de enxergar e não se reproduz em cativeiro.
HOMEM PANDA...
Lindo, embora às vezes compartilhe daquelas mesmas olheiras do Panda.
Há espécimes vegetarianas, embora a maioria seja carnívora.
Não enxergam coisas óbvias e nunca encontram nada sozinhos. Sempre precisam de outro ser que, escravizado em seu habitat, lhes entrega em mãos suas cuecas desaparecidas e seu remediozinho que não está em lugar nenhum.
Não se reproduz somente em cativeiro, mas em qualquer outro lugar do mundo onde dê tempo de abrir o zíper da calça.


O TAMANDUÁ BANDEIRA...
Ele é feio, tudo bem. Não tem dentes e come um montão de porcarias. É um animal solitário que se aproxima de outro somente na hora do acasalamento. Passa a maior parte do dia dormindo e sai à procura de alimento à noite.
HOMEM BANDEIRA...
Tá, chega uma hora na vida em que eles também não terão dentes.
Também comem um montão de porcarias por aí. E algumas delas a gente só desconfia, não tem certeza.
Não é tão solitário assim porque vive em bandos, mas só se aproxima do coração da parceira quando quer acasalar.
Passa a maior parte do domingo dormindo e roncando.
E sempre que você briga com ele, sai à procura de alimento à noite.

O MICO LEÃO DOURADO...
Gostosinho, peludinho, douradinho. Comportamento dócil, embora seja inquieto. Geralmente viajam em grupos. Adoram frutas, gafanhotos e pererecas. Costumam ter de um a três filhotes.
HOMEM MICO...
Existem os gostosinhos, os peludinhos e os douradinhos.
Nem sempre são dóceis com suas mulheres, embora o sejam com suas mães.
Viajam e aprontam em grupo. E o que acontece na viagem, ficará lá.
Só comem frutas quando não há mais nada na geladeira.
Apenas os corajosos comem um churrasquinho de gafanhotos quando viajam à Pequim, mas absolutamente todos os héteros comem pererecas, em qualquer parte do mundo.
Eles mal têm dinheiro para ter um filho. Mas insistem em povoar o mundo.


ONÇA PINTADA...
Carnívora total. Come de tudo: cobras, peixes, coelhos. Também saboreiam antas e veados. Acasala em qualquer época do ano. Para caçar, preferem a noite.
HOMEM ONÇA...
Também há carnívoros e, em algumas regiões do país, comem carne até sangrando.
E comem tudo o mais que possa ser frito ou assado (cobra, peixe, coelho) e acompanhar uma bela cerveja.
Tem homem que come umas antas por ai, sem cérebro.
E há os que prefiram comer veados.

Ou ser comidos por eles, que seja. Ou os dois.
Acasalar nunca é problema, já disse.
E caçam a noite aqueles que estiverem fora da gaiola.
Ou fora de um casamento.
Ou dentro de um casamento falido. Ou sem sexo. Ou com sexo meia-boca.
Enfim, caçam quando têm vontade.

TATÚ CANASTRA...
Tem uma carapaça protegendo o corpo. Enxergam e ouvem mal, mas o olfato é bem aguçado. Só brigam quando é inevitável e adoram um buraco.

HOMEM TATU
ALGUNS, eu disse "APENAS ALGUNS", tem uma carapaça protegendo o CORAÇÃO.
Enxergam e ouvem mal, só quando querem.
O olfato é aguçado porque são extremamente atraídos pelo cheiro das coisas ou pessoas que querem comer.
Só brigam quando a mulher briga, quando ela quer discutir a relação. Na verdade, eles brigam calados porque a gente não pára de falar. Brigamos pelos dois.
Mas ele briga se alguém roubar a sua vaga no estacionamento.
Todos os homens amam buracos e acho dispensável explicar o porquê.
...


Incrível é pensar que são uma espécie ameaçada.
Se num país grandão como o nosso há 189 milhões de habitantes, há pelo menos 49% de chances da gente encontrar homens.
Quer dizer, tirando os bebês e as crianças de sexo masculino.
Tirando também os idosos (para o caso de você preferir um ninfeto).
E os que moram do lado oposto ao seu, no mapa.
E os casados (tá, eles podem se separar por sua causa um dia, eu sei. Vai nessa!)
E burros (isso é relativo, tudo bem.)
E os gays (xiiiiiii, agora ferrou!).
Será que sobra muito?

Em 2007, o IBGE divulgou que capitais como São Paulo, Curitiba e Porto Alegre apresentaram a relação homem/mulher mais equilibrada do Brasil: 92 homens para 100 mulheres. Já no Rio, Salvador e Recife, a gente só pode contar com 86 homens para cada 100 desesperadas de nós. Quer dizer, de vocês.

Poxa, tá difícil.
Impossível pensar no tamanduá bandeira nessas horas.

E o pior é saber que o que tudo o que é ameaçado de extinção, é mais bem cuidado.
E eles, hoje privilegiados por se imaginarem dominantes, passarão à idolatria por passarem a ser raros.
As tataranetas de nossas tataranetas estarão lascadas.
Viverão para serví-los, porque dada a sua raridade, eles provavelmente serão poupados do trabalho e do perigo de figurar entre as estatísticas de mortalidade.
Ficarão apenas restritos a prazeres. E nada de afazeres.
Ganharão rios de dinheiro vendendo punhetas que resultarão em esperma que gerarão filhos.
Serão compartilhados, através de cooperativas de mulheres, todas usando o mesmo maquinário.
Virarão brinquedo 3D em que todas terão direito de dar uma voltinha.
Nossas descendentes mais rebeldes se casarão com seus vibradores, que provavelmente já terão o resto do corpo e não estarão restritos somente ao membro, e os levarão ao supermercado.
Não haverá mais um peito cabeludo em cada lar brasileiro envolvendo o sono tranqüilo de uma mulher apaixonada.
E ainda tem gente preocupada com o tatu.


TEXTO: MICHELINE MUSTAFA

25 de outubro de 2008

HOMEM-BOMBA

FESTA.
ANIVERSÁRIO DE UMA AMIGA.


Jonathan Rhys Meyers, lindo, sexy, vigoroso e garoto propaganda da Hugo Boss.
Dia de encontrar todos os desaparecidos que faziam parte de Clubes do Bolinha e da Luluzinha em minha adolescência até o momento em que se casaram e procriaram.

Tá, tudo bem.
Muitos separaram e estão de volta à ativa.
Mas voltaram achando que são os mesmos dos 18 anos.
Tenha dó !

Ouvir cantada de colega balzaco a essa altura do campeonato, em que as chuteiras já estão surradas e fora de combate ?

Não que os "com + de trinta" estejam impróprios pra consumo, não é isso.
Mas cantada de colega que a gente viu a vida inteira e com quem nunca pintou nada é o mesmo que ter vontade de beber BARÉ COLA e querer frequentar o Bar Onda em 2008.
Ou seja, desejo fora de época.

Tive que ouvir algumas gracinhas com um sorriso resignado, embora acompanhado de minhas retóricas inteligentes e repelentes.

Me sinto muito feliz por ter nascido no século XX, em que a gente pode escolher o homem que quer para a nossa vida. E o que não quer.

Aliás, apropriada essa lembrança.

Porque penso na Historia de HENRIQUE VIII, que possuía todas as mulheres que queria e mobilizava o que fosse preciso para isso. Um rei repulsivo que coagia mesmo as casadas. Rejeitou a primeira mulher pq não lhe deu filho homem, anulou casamento, rompeu com a Igreja Católica, foi amante de inúmeras outras e fez a desgraça de uma família, os Bolena. Acusou sua segunda esposa, Ana Bolena, de traição e incesto com o próprio irmão dela e os decapitou. Mas antes, já havia "comido" a irmã de Ana, Maria Bolena, e fez um filho nela. Acabou casando com 6, ao todo.

Homem repulsivo.
Feio, sujo, egoísta.
Asqueroso, não fosse aquela série THE TUDORS, em que o Henrique aparece na pele do gostosão do



OLHA A CARA DOS DOIS ...
O verdadeiro e o da ficcção.

Diferença estúpida.

Pena que a História pouco nos brinda com romances mágicos e de final feliz.

Sempre tem desgraça.

Em Shakespeare, Otelo mata Desdêmona por imaginar que ela lhe tenha sido infiel, e quando descobre sua injustiça, se mata.

Dom Pedro I bane do Império Domitília de Castro por exigência em contrato nupcial de sua 2 esposa, a princesa Amélia, mesmo sentindo por ela um amor ardente.

Marco Antônio cravou sua espada em seu corpo, achando que Cleópatra tinha se suicidado, assim como Romeu bebe veneno por achar que Julieta, seu amor, estava morta.

Dilermando de Assis e Anna da Cunha, mulher de Euclides da Cunha. Por amor, ela abandona o lar, renuncia a sua moral na sociedade, vai de encontro à família e presencia a morte do marido e do filho, assassinados pelo amor de sua vida, Dilermando.

Maria Bonita perde a cabeça por Lampião e os dois perdem a cabeça por uma causa.

Bom...
Esse blábláblá serve para ressaltar que é muito bom ter livre arbítrio pra escolher e pra negar os homens que não queremos.

E se pintar um CASE em que o cara mais pareça figurar o protagonista do Linda Direta, cair fora antes que seja tarde.

Pra homem inconveniente, temos amigos fortes.

Se ele te ignorar, arranje outro.
Ao homem pegajoso, diremos que somos lésbicas.
Pra os casados e noivos, seremos o Steve Wonder.

Se for homem burro, substitua por seu amigo Aurélio.

A gente não está mais na era da espada, do veneno e do poder monárquico.

Coação sexual só se for no ritual dos sado mazô (com consentimento).

Tudo bem que o mundo hoje não é tão bom assim: ainda existe ciúme, adultério, revólver, suicidas e homicidas de amor. Tá aí o Lindemberg que não me deixa mentir (infelizmente).

Mas a gente pode evitar se quiser.

Basta desligar nosso ímã pra 171.

E ficar bem longe de HOMENS-BOMBA !








22 de outubro de 2008

CORPO ESTRANHO


Semanas atrás, fui acompanhar uma amiga a uma consulta com médico gastro, daqueles que faz tudo, inclusive cirurgia bariátrica e aquela outra que coloca um balão temporário (de 6 ou 9 meses) para reeducação alimentar.

Depois de alguns minutos, disputando o assento com meia dúzia de mulheres com evidentes camadas extras de amor e de gordura, entramos.

Ela conversou sobre as toneladas de dúvidas que tinha, enquanto eu e a prima dela apenas ouvíamos. Perguntas feitas, exames exibidos, medidas tiradas, estávamos prestes a ir embora quando tive a feliz idéia de pedir para me pesar.

O médico fungou mais em meu cabelo do que se concentrou em minha imediata necessidade de entender aquela balança analógica. Tudo bem, entendo que sou irresistível.

E assim fui pra casa, ao lado de uma amiga que em poucos meses será mais magra do que eu ou você que me lê. Ela vai ficar uma " COSA LOCA", como diz meu irmão, insistindo nesse espanhol de meia tigela.

Esta semana, fui surpreendida com uma mensagem da minha amiga futura-magra:

“Amiga, o médico perguntou por você. Estava interessado.
Disse que seu cabelo era cheiroso. Posso dar seu telefone ?”

Pensei - Que situação.... e perguntei:
“Amiga, o que será que ele quer comigo ?”

Ela respondeu: “ Acho que ele quer te dar um balão daqueles de 9 meses. Ou então um filho nesse mesmo período.”


kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


20 de outubro de 2008

ENTRELINHAS

Se o ser humano tivesse a sensibilidade de ler nas entrelinhas, certas coisas nunca precisariam ser ditas para serem entendidas.

Se no primeiro encontro após um jantar, um futuro pretendente está parado na porta do seu prédio e se despede, recusando o seu convite para subir enquanto alega que terá uma reunião cedo no dia seguinte, leia nas entrelinhas:
ELE NÃO ESTÁ AFIM DE VOCÊ!
Homem que está interessado perde noite, perde tempo e perde a noção do ridículo, se necessário for. Ele não vai subir nem hoje nem nunca.

Se depois de dois meses juntos sem rolar nada, sua namorada diz não em seu ouvido com voz manhosa enquanto você puxa o elástico da calcinha dela, leia nas entrelinhas:
ELA ESTÁ LOUCA PARA DAR PRA VOCÊ !
Mulher adora pinto, mas também adora romance. Ela só está esperando que você romantize um pouco mais a cena, reconheça o investimento dela na lingerie de renda cara e nas expectativas que ela criou sobre como seria a primeira noite entre vocês. Tudo passa muito longe de vê-lo rasgar sua calcinha e empurrar a cabeça dela em direção a sua genitália.

Se o cara não liga 10 dias depois de ter pedido o seu telefone na balada, leia nas entrelinhas:
O CARA JÁ TE ESQUECEU !
O sujeito deve ter encontrado uma mulher que, ao contrário de você, lhe negou o telefone e ele deve estar correndo atrás dela agora. Homem gosta de dificuldade !

Se você perdeu a aliança há mais de uma semana e sua esposa nem notou a ausência, leia nas entrelinhas:
ELA NÃO REPARA MAIS EM VOCÊ!
Deve haver um amante ou um abismo entre vocês.

Se o carinha não te atende nem te retorna as ligações há dias, leia nas entrelinhas:
NÃO HÁ MAIS INTERESSE!

Quem gosta, sente falta.
Nunca se deixa alguém sozinho tempo suficiente para perceber que se pode viver sem ele(a).

Antes, sinais de fumaça eram suficientes para seres humanos se entenderem. Hoje, não há meio de comunicação suficiente para aproximar dois olhares que não se cruzaram.

De um jeito míope, vamos nos distanciando emocionalmente das pessoas. O que não for dito, não será lembrado.
Nem sentido. Nem percebido.

Certas verdades nunca serão descortinadas porque continuamos a ler sem perceber as entrelinhas. E a gente convive com elas fingindo estar lendo um texto original, sem cortes.

A verdade é que dói perceber o que está implícito, oculto, subentendido.
É mais fácil não ver. Dá muita preguiça tentar enxergar.

Depois de ler esse texto, tem gente que vai dizer:

“- Então deixa assim, não é mesmo ?
E com tanta tecnologia hoje em dia... se fosse para ter a tradução do que a gente não entende, ser humano viria com TECLA SAP.”

18 de outubro de 2008

CULPA DO SAPATO


Há coisas muito piores na vida do que um sapato apertado, embora incomodem menos. Mas a culpa é sempre do sapato.

Isso porque o sapato dilacera sua carne até que você tome uma providência. Ele te força a agir rápido. E o resto, a gente vai deixando.

A conta que não foi paga, a peça do carro que não foi trocada, a consulta que não foi marcada, um pedido de desculpa que não foi feito.
E assim vamos levando.
Até que venha a multa, que o carro quebre, que a doença aconteça e que se estabeleça a mágoa.

Mas se fosse um sapato apertado, você agiria rápido.
Porque culpado mesmo é o sapato.

Se a fila do raio-x do aeroporto está grande, embora alguns já tenha se livrado dos metais na bandeja plástica, só pode ser por causa da alma de aço na estrutura dele.
Do sapato.

E para ser a mulher mais atraente da festa, se investe num modelo salto agulha, alto. Mas por causa dele, ela será a primeira a ir embora, sofrendo pela inclinação do pé.
Maldito sapato.

A caminhada fica mais curta se ele não amortece como deve.
Ele, o sapato.

No Japão, não entram em casa por trazer impurezas, micróbios.
Sujo, o sapato.

Se mesmo nos livrando do celular, das moedas e das chaves, a porta giratória do banco trava, ele é o responsável.
Tudo por causa do sapato.

Queremos o couro deles: dos bois, cobras, crocodilos e cabras.
Escalpeladores, os sapatos.

Mas mesmo para quem se atribui culpa, também há méritos.
Isso porque o sapato é o impulso da mudança.

Embora os saltos incitem à tentação, os esportivos nos prometem aventura.
Fechados nos trazem discrição, mas uma tira brilhosa aguça nossa vaidade.
Méritos do sapato.

O sapato do bebê, imortalizado em bronze, eterniza a lembrança.

O sapato da noiva, após o casamento, vira talismã.

O sapato lustrado pontua a favor do candidato ao emprego.

O sapato embaixo da cama vira a diversão do cachorrinho carente.

Sapatos protegem do chão quente, da poça de água, do caco de vidro deixado pelo bêbado que quebrou a garrafa na rua.

Assassinos deixam rastros através dele. Culpado, o sapato.

E se você engorda, não caberá no jeans.


Mas continuará calçando o mesmo sapato.

Sapatos elevam a bailarina ao topo na ponta do pés.


Protegem deficiências de infância, encantam na mocidade e confortam na velhice.


Sapatos inspiram tendências, ilustram épocas, traduzem comportamentos.

Sapatos excitam fetichistas e ornamentam pés disformes.

Sapatos nivelam a altura dos casais.
E fazer os solteiros podólatras se apaixonarem.

Sapatos animam mulheres com corações despedaçados.
Calçam a frivolidade e a necessidade.
Diferenciam camadas sociais desde a antiguidade.
E glorificam o inusitado na moda.

Esqueçamos os calos e os joanetes.

E que venham nossos sapatos novos.

Porque não se pode negar o mérito deles.
Afinal, não é a toa que a gata borralheira só vira princesa quando o príncipe encontra ele, o sapato.
Texto: Micheline Mustafa


8 de outubro de 2008

VOU TE FALAR

Vou te falar mil coisas
Mil coisas que há pra contar
Vou te falar de segredos
Que só trago no olhar

Vou te falar de um desejo
Dos que não dá pra negar
Qual não é sua surpresa
Do pedido que virá

Vou te falar do carinho,
Que a alma ainda alimenta
Do toque, do seu cheirinho
Da lembrança que atormenta

Vou te falar do que é eterno
E eu já nem sei se será
Se vou ver você no inverno
Se a gente vai se encontrar

Vou te lembrar de estórias
Do peixe contra o leão
Vou rever tuas memórias
Sem esquecer tua canção

Vou te falar de brilhos
Que eu queria ver-te ver
Vou te contar em suspiros
Como gosto de você

Vou te lembrar do sexo
Do nosso amor obsceno
Te dizer coisas sem nexo
Sem perder o ar sereno

Vou falar-te o proibido
Vou te falar da paixão
Vou desejar as horas
Em que fui sua perdição

Vou te lembrar da chegada
Tua entrada em minha vida
Vou me lembrar de você
E Esquecer a despedida.







( Escrevi em Homenagem ao que não precisava mudar e só depois me dei conta ...)

1 de outubro de 2008

A RESPEITO DO RESPEITO


O que é um amigo, senão aquele a quem você destina carinho, respeito e cumplicidade ?
E para que serve um amigo, senão para compartilhar a vida, a tristeza de uma perda, as fotos de uma festa, a pizza de calabreza fria na geladeira ou a aflição de um problema irresoluto ?

Mas compartilhar não basta se não houver respeito. Respeito, na terceira interpretação do Dicionário Michaelis, é “apreço, atenção, consideração”.

Dividir a conta do bar não basta. Tem que dividir o tempo, o vestido que a outra não tem, os ovos de quintal que trouxe da fazenda, a palavra que faz levantar, o dinheiro que faltou ao outro, o suor de um dia de malhação.

Trazer problema não é tudo. Tem que trazer o sorriso, o pão de queijo quentinho da esquina, a indicação do seu médico de confiança, a estória de amor que leu na revista, o presente da viagem, a matéria sobre dieta.

Oferecer carona não é suficiente. Tem que oferecer o ouvido, o livro de cabeceira, a faxineira para uma tarde de limpeza, a cadeira para sua dor nas pernas, uma bolsa de couro emprestada.

O amigo que lhe indica um DVD tem que lhe indicar um curso de aperfeiçoamento, uma boa peça de teatro, uma manicure de confiança e a melhor doceira da cidade inteira.

Ele é o mesmo que lhe diz palavras doces, palavras duras, palavras sábias, mas cala quando tudo o que você pede é o silêncio.

Ele lhe entrega seu segredo, sua mala de viagens ou a chave da sua casa.

Ele não lhe cobra se lhe deve, a não ser a atenção que você não teve.

Mas ao amigo, tudo pode ser dado, emprestado, indicado, oferecido, dividido. Só não se perde por ele o respeito.


DESPEDIDA DO SUL

Há quatro anos, quando me mudei para o Rio Grande do Sul, imaginei que teria de enfrentar as dificuldades inerentes à cultura e ao clima da região. Adaptar-me aos 6 graus de temperatura no inverno, sem dúvida, foi uma de minhas maiores superações. E abandonar a praia também.

Mas todos os aspectos adversos foram plenamente amenizados com a chegada dos amigos, os grandes companheiros que fiz aqui. Sem eles, tudo seria mais chato, mais doloroso, mais frio.

Não há como esquecer cada rosto, cada aventura, cada palavra agauchada.

Não tenho palavras para agradecer os conselhos da Justina de como se adaptar ao povo gaúcho e os feedbacks, da época em que era minha gerente.

Nem das brigas com a Pat, a cada envio do Kit desfile. Depois, de como me acolheu como a uma irmã na sua casa, em meio à família Souza. Do carnaval com ela e do festival de pasteis que tanto nos engordou.

Da Bê, com suas tiradas impagáveis e as imitações que fazia depois das reuniões da empresa. E nas viagens, tudo sempre ficava mais divertido com ela.

Do Xande, sempre atencioso. Lembro de um dia ter enxugando as minhas lágrimas quando estava preocupada com meu futuro na Gas.

Da Cíntia, que foi uma amiga-muleta, a que me atirou debaixo do chuveiro no auge de minha depressão e me trouxe barras de chocolate para o estômago vazio há dias. Retribui ensinando-a a fazer um strogonoff maravilhoso e acolhendo-a quando estava sem o ED. E do Ed, que até participou de sessões de cinema com ela lá em casa nas nossas farras a três.

Do Clauber, que tive literalmente o prazer de receber em minha casa, em minha vida e nas cachaças que tomei. Sem deixar de mencionar ele fazendo a mímica do GATO FÉLIX nos nossos jogos de imagem e ação. E também acabando com as bebidas do barzinho lá de casa.

Da Simone, uma amiga querida e das mais sensatas. Amiga faladeira, conselheira, e quem ajudou a livrar a barra em minha semana de lua de mel com meu ex-baiano. Aqui, destaco também o Cícero e o Kevin, relembrando o fim de semana maravilhoso que passamos na chácara, ouvindo Ênia com as vacas a nossa volta.

Da tia Ana e seu frango com batatas na sexta-feira.

Da Adelaide, minha Sandiléia inspiradora. Minha amiga maravilhosa, de quem me aproximei tão despretensiosamente. Ensinei-a a fazer adereços de cortina e ela me ensinou o quanto uma amizade pode ser intensa mesmo que seja tão recente. Nossa, como gosto de você !

Da Fabi e o Rafa, dois amigos de quem estou cada vez mais próxima. E de quem o amor me inspira. Quero um código de barras igual pra mim.

Do Paulinho e o Evandro, cujo semblante eu sempre via sério perto dos computadores e do trabalho. Mas sei que basta uma cerveja e uma roda de amigos pra se desmancharem em risos.

Da Vavá, minha pequena, de quem gosto tanto. A mesma que abriu uma comunidade linda no Orkut pra me homenagear. Minha menininha tão competente e tão carinhosa, por quem torço tanto. E da Beta, na mais discreta meiguice de sempre.

Da Sirlei, minha loura tão querida, tão bronzeadinha. Com ela curti a aventura do Parque Beto Carreiro e só não despencamos juntas da torre de 100 m de altura porque ela amarelou. Mesmo assim, foi perfeito.

Da Verlaine, a dona do PET SHOP que cuida de nós... (Eu, Déa, Angela, Simone, Sirlei...)
A ela, atribuímos o fato de estarmos sempre limpinhas, escovadas, de unhas feitas, de pelo aparado, bronzeadas e massageadas. Nossa amiga, a terapeuta que cuida do nosso corpo e faz tão bem para nossa alma. Vou sentir muita saudade de você.

Do Marquinhos, que não sai da minha cabeça. A quem entreguei minha cabeleira que um dia passou de castanha para ruiva, para meu quase enlouquecimento. E que tem cuidado tão carinhosamente de mim, no inverno e no verão. O que fazer sem vc agora ?

Da Déa e do Adroaldo, amigos intensos e sempre presentes, me levando para todas as comemorações e dias especiais em que eu provavelmente estaria sozinha. E da Déia em todos os outros momentos dos meus quatro anos aqui. Minha amiga inseparável.

Da Ângela, meu anjo. Daqueles que leva soda cáustica pra desentupir pias quando a gente tem um ataque no dia do aniversário. E que está junto, sempre junto, aconselhando, rindo, chorando, bebendo, fofocando, compartilhando, exercendo o papel que mais sabe representar: o de ser amigo. És um anjo na terra!

Amo cada pedacinho de vocês, mesmo dos gordos, dos carecas, dos banguelas e dos feios.

Amo cada estória, cada dia junto, cada bebedeira, cada ressaca.
Amo saber que sobrevivi aqui por quatro anos por nunca ter estado sozinha.
E por saber que quando estivesse, teria a quem procurar se precisasse.
Amo intensamente cada palavra que me destinam na tristeza, e cada aplauso que me dedicam na vitória.

Vim pelos braços da Gasoline. Volto pelos pés da Via Uno.

AMO VOCÊS de todas as formas. Amigos, irmãos.
E Não há geografia que possa mudar isso.

30 de setembro de 2008

FAZER ANIVERSÁRIO

Comemorar aniversário é como renascer,
Passar à limpo o que os anos nos ensinaram
E o que queremos que na nova idade seja diferente.
É respeitar a lágrima quando ela desejar cair
E ouvir com atenção cada declaração que surgir
Fazer aniversário é valorizar mais um ano em que estamos vivos,
E saber que um dia pode ser mais especial que muitos anos.
É abraçar tudo e ouvir tudo, com olhos, braços, pernas e bocas
E fazer valer cada sentido do seu corpo
E não se fazer de rogado quando tudo parecer iluminado a sua volta
Porque o teu brilho hoje é verdadeiro e único.
Fazer aniversário é tornar-se criança hoje e fazer disso uma desculpa para ser mais feliz
É deixar um sorriso de repente acontecer...
E não se espantar se a pessoa mais feliz for você!

18 de setembro de 2008

A VINGANÇA DO BERIMBAU - Miguezim de Princesa


Superado pelo tempo,
Ensinando muito mal,
Fabricando mil diplomas
Para entupir hospital,
O doutor da faculdade
Botou, com toda maldade,
A culpa no berimbau.


Disse o doutor Natalino
Que o baiano é um mocó,
Sem coragem e inteligência,
Preguiçoso de dar dó,
Só liga pra carnaval
E só toca berimbau
Porque tem uma corda só.


O sujeito ignorante
Não conhece o berimbau,
Que atravessou o mundo
Com toda a força ancestral.
Na fronteira da emoção,
Traz da África a percussão
Da diáspora cultural.


Nem Baden Powel resistiu
À percussão milenar,
Uma corda a encantar seis
Na tristeza camará
De Salvador da Bahia.
Quem toca e canta poesia
Na dança sabe lutar.


O doutor, se estudou,
Na certa não aprendeu nada:
Diz que o som do Olodum
Não passa de uma zoada
E a cultura baiana
É uma penca de bananas,
Primitiva e atrasada.


Jimmy Cliffi, Michael Jackson,Paul Simon e o escambau
Se renderam ao Olodum Com seu toque genial,
Que nasceu no Pelourinho
E hoje abre caminho
No cenário mundial.


O baiano é primitivo?
Veja só o resultado:
Ruy foi o Águia de Haia;
Castro Alves, verso-alado
De poeta condoreiro,
E gente do mundo inteiro
Se curvou a Jorge Amado.


Bethânea, Caetano e Gil,
Armandinho, Dodô e Osmar,
Gal Costa, Morais Moreira,
Batatinha a encantar
João Gilberto, Bossa Nova
Novos Baianos são prova
Da grandeza do lugar.


Glauber, no Cinema Novo;
Gregório, velha poesia;
Gordurinha, no rojão;
Milton, na Geografia;
Anísio, na Educação;
Dias Gomes, na encenação;
João Ubaldo e Adonias.
Menestrel da cantoria
Temos o mestre Elomar,
Xangai, Wilson Aragão,
Bule-Bule a improvisar,
Roberto Mendes viola
A chula - semba de Angola,
Nosso samba de além-mar.


Se eu fosse citar todos
Que merecem citação,
Faria um livro de nomes
Tão grande é a relação.
Desculpe, Afrânio Peixoto,
Esse doutor é um roto
Procurando promoção!


Com vergonha do que fez:
Insultar toda a Nação,
O tal doutor Natalino
Pediu exoneração
E não encontra ninguém,
Nem um nazista do além,
Para tomar a lição.


O baiano é pirracento,
Mas paga com bem o mal:
Dá uma chance a Natalino
Lá no Mercado Central
De ganhar alguns trocados
Segurando o pau dobrado
Da corda do berimbau.


AUTORIA: Miguezim de Princesa

17 de setembro de 2008

CARTA À NAMORADA - Anônimo



Querida Maria,
Não podemos continuar com esta relação.
A distância que nos separa, é demasiado longa.
Tenho que admitir que te tenho sido infiel já por duas vezes desde que te foste embora, e acredito que nem tu, nem eu merecemos isto!
Portanto, penso que é melhor acabarmos tudo!
Por favor, manda de volta a foto minha que te enviei.
Com Amor,
João.
Maria recebeu a carta e, muito magoada, pediu a todas as suas colegas que lhe emprestassem fotos dos seus namorados, irmãos, amigos, tios, primos, etc...
Juntamente com a foto de João, colocou todas as outras fotos que conseguiu recolher com suas colegas, dentro de um envelope.
No envelope que enviou à João estavam 57 fotos juntamente com uma nota que dizia:


'Querido João,
Peço desculpas, mas não consigo me lembrar quem tu és!
Por favor, procura a tua foto no envelope, e me envia de volta as restantes!
Com Carinho,
Maria'


AUTOR DESCONHECIDO

8 de setembro de 2008

DEUS E O SATANÁS - Jabour

E Deus disse:"Que cresça a erva, que a erva dê semente, que da semente cresçam árvores e dêem frutos".
E Deus povoou a Terra com brócolis, couve-flor, espinafre, milho e vegetais de todas as espécies, para que o Homem e a Mulher pudessem viver longas e saudáveis vidas.
E Satanás criou o McDonald's e a promoção de dois BigMacs a cinco reais.
E Satanás disse ao Homem:"Queres as batatas fritas com que?"
E o homem disse:"Na promoção, com Coca-cola, catchup e mostarda".E o Homem engordou cinco quilos.
E Deus criou o iogurte saudável, para que a Mulher pudesse manter a forma esbelta de que o Homem tanto gostava.
E Satanás criou o chocolate. E a Mulher engordou cinco quilos.
E Deus disse:"Experimentem a minha salada".
E Satanás criou os pratos de bacalhau com creme emarisco.E a Mulher engordou 10kg.
E Deus disse:"Enviei-vos bons e saudáveis vegetais e o azeite para que vos possam cozinhar".
E Satanás inventou a gordura hidrogenada, a galinha frita e o peixe frito.
E o Homem ganhou dez quilos e os níveis de colesterol bateram no teto.
E Deus criou os sapatos de corrida, e o Homem perdeu aqueles quilos extras.
E Satanás criou a televisão a cabo com controle remoto para que o homem não tivesse de se levantar para mudar de canal. E o Homem ganhou mais vinte quilos.
E Deus disse:"Estás passando dos limites".
E Satanás criou o ataque cardíaco.
E Deus criou a intervenção cirúrgica cardíaca.
E Satanás criou o sistema de saúde brasileiro.
Mas Deus deu ao homem os convênios... e a aposentadoriapara que ele pudesse descansar, dando-lhe nova chance..
Ai Satanás criou o PT...
Então Deus desistiu...
(Texto de Arnaldo Jabor)

ARQUÉTIPO

Tenho sorte de ter amigos que não seguem arquétipos definidos
E embora não tenhamos as mesmas crenças,
Crêem em mim enquanto ser humano
E acreditam, como eu, que certos encontros são traçados antes de estarmos aqui
Por isso a empatia nas amizades instantâneas
Quero amigos que saibam apontar o que há de pior em mim
E não encubram falhas, porque a indiferença me parece um sinal de desinteresse
Amigos que possam trazer Engov depois de uma ressaca
Mesmo que não tenham participado da embriaguês
Que me tragam bobeira, diante de minha seriedade
E que me levem à realidade se eu ameaçar aloprar
Que chorem junto, que riam junto, mesmo de nossas amarguras
Que agüentem um telefonema na madrugada por minha solidão
E me liguem pra contar do mal que os aflige
Quero amigos que busquem caminhos de felicidade e plenitude
E que como eu, tenham gozo pleno, ar de graça, serenidade
Quero a sanidade e a loucura das amizades
Que possam me dar trégua da mesmice e me virar do avesso vez por outra
Que me tragam a palavra na escuridão
Que sejam honestos e por vezes, profícuos
Mas nunca sejam comodamente displicentes ou apáticos com a vida
Nem com a deles, nem com a minha
Tive a sorte de encontrar amigos atônitos com a beleza de coisas simples
E que sempre me recebem com olhos brilhantes e pupilas latentes,
Amigos voluptuosos, carrancudos, mudos,
Alguns que não tem jeito com palavras, embora compensem com ações
Outros sem bens, senão os valores morais que carregam
Tenho a sorte de ter amigos que admiram a minha palavra solta
Meus verbos no gerúndio, os meus neologismos
Que não se importam com a minha TPM
E as minhas mudanças constantes de cidade
Que adoram dividir a pipoca nos meus filmes
Embora nem sempre os vejam sem cochilar
Tenho a sorte de ter amigos leais, em ação e emoção
Não quero amigos com pressa
Sem bossa e sem paixão
Quero tê-los todos viscerais, tais como eu sou.
E que eu nunca tenha a desonra de deixá-los na mão.


TEXTO: MICHELINE MUSTAFA

26 de agosto de 2008

CONTO DE FADAS PARA MULHERES DO SEC XXI - Veríssimo


Era uma vez, numa terra muito distante, uma linda princesa, independente e cheia de auto-estima que, enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo estava de acordo com as conformidades ecológicas, se deparou com uma rã.

Então, a rã pulou para o seu colo e disse:
- Linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e eu transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo.

A minha mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavarias as minhas roupas, criarias os nossos filhos e viveríamos felizes para sempre.

Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã à sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria e pensava:
Nem Fudendo.

(Luís Fernando Veríssimo).

MULHER BISCOITO


Ser humano é bicho esquisito ...

Tem mania de achar que o outro é como o saco de biscoitos que se compra no supermercado e come a hora que dá fome.
Comparação horrorosa essa, eu sei. Mas posse é assim: dispôr do outro como objeto, achar que pode tudo. Inclusive guardar o pacotinho com um pregador pra comer mais tarde.

Dia desses meu telefone tocou e uma mulher biscoito estava na linha, chorando as pitangas de um amor vencido. Tive vontade de dizer a ela que se revoltasse e pulasse do pacote, buscasse a liberdade. Ficar escravo de alguém que se alimenta de você às migalhas não pode ser nunca um processo saudável.

Como ela pode digerir isso ??

Assim como as muitas bolachas marias, as recheadas e mesmo as água e sal tem o seu dia de Biscoito Champagne.

Não dá pra ser eternamente a bolacha quebrada para os dias de fome do outro.

Dia desses, quando ela me ligar de novo, eu vou dar uma sugestão: vai molhar o teu biscoito em outro copo de TANG, minha filha. Porque esse aí vai te dissolver até não sobrar mais nada de você.

25 de agosto de 2008

CHAMEI POR TI

Não viestes espontaneamente...
Eu chamei por ti , entre preces e viestes sorrindo ...
Este encontro estava escrito em prosa
Tal qual a certeza da delicadeza da rosa

E minha alma foi tomada, assim
Em teus braços agasalhei-me...
sem medo de que o dia chegasse ao fim
E deixando que enfim,
o amor viesse, em galopes, até mim
Senti você ardendo no peito
Meio sem jeito
Imperfeito
Tive tantas certezas
Que agradeci o presente a sr. Chico
Mesmo sem saber ao certo
E pensar que o correto
Era ter você por perto
Concreto
Mas o amor não pediu o mapa
Esteve dentro de mim
E em ti
Discreto, se firmou
E entre gritos e gargalhadas
Nossas almas, separadas
Pegaram as mesmas estradas
Você sempre esteve
Em minha mente
Dormente...
Não viestes espontaneamente...

Entre preces
Eu chamei por ti ...

AMA-SE PELO CHEIRO - Jabor

"O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão.
O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano.
Isso são só referenciais.
Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.
Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca."

ARNALDO JABOR

TERAPIA DE GRUPO




Ultimamente, ouço falar de terapia com a mesma constância de quem ouve receitas culinárias em programas matinais. Num jantar com amigos do trabalho estes dias, ouvi um deles comentando de uma afilhada de 4 anos de idade que está fazendo terapia. Puta merda ! Quatro anos e já tem problemas... Fala sério !

Desta forma, resolvi seguir a sugestão dos amigos "resolvidos" e fazer terapia comigo mesma. Escrevendo.
E dividindo com outros as palavras deste blog, escritas nas noites menos abarrotadas de trabalho de minha vida.

Um brinde à terapia de grupo virtual !
Modernidades da vida contemporânea que a gente precisa aprender a usufruir. Cest´la vie!

Saudações virtuais,

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