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27 de setembro de 2009

CHAMEI POR TI



Não viestes espontaneamente...
Eu chamei por ti , entre preces
E viestes sorrindo ...
Este encontro estava escrito em prosa
Tal qual a certeza da delicadeza da rosa
E minha alma foi tomada, assim
Em teus braços agasalhei-me...
Sem medo de que o dia chegasse ao fim
E deixando que enfim,
O amor viesse, em galopes, até mim
Senti você ardendo no peito
Meio sem jeito
Imperfeito
Tive tantas certezas
Que agradeci o presente a sr. Chico
Mesmo sem saber ao certo
E pensar que o correto
Era ter você por perto
Concreto
Mas o amor não pediu o mapa
Esteve dentro de mim
E em ti
Discreto, se firmou
E entre gritos e gargalhadas
Nossas almas, separadas
Pegaram as mesmas estradas
Você sempre esteve
Em minha mente
Dormente...
Não viestes espontaneamente...
Entre preces
Eu chamei por ti ...


Texto: Micheline Mustafa



20 de setembro de 2009

CARTA PARA ANETE

“ANETE,

Queria te enviar uma carta, escrita de próprio punho, onde eu despejaria todas as minhas palavras cobertas da mais pura saudade. Mas não saberia para onde enviar, por isso só me resta a rapidez da internet para abrandar a minha saudade.

Ninguém discute que a REDE estreitou os laços entre as pessoas, principalmente ajudando os tímidos a serem um pouco mais sociáveis, mesmo que por trás das telas de 17 polegadas. Sou um dos beneficiados, apesar dos meus 26 anos, que supostamente deveriam traduzir irreverência e popularidade entre os garotos da minha idade.

Mas apareceu você, que me adicionou sabe Deus como e me convidou para ser seu amigo. Confesso que quebrei paradigmas me abrindo para uma estranha no dito ciberespaço. Mas embarquei, marinheiro de primeira viagem virtual e pouco conhecedor dos megabytes que separam as pessoas.

Trocamos nickname verdadeiros, obviamente depois de você ter inventado um falso para mim. Danadinha.

Impressionei-me quando vi tua beleza na primeira foto, que foi a confirmação da confiança e a certeza da ótima escolha. Das duas partes, porque eu sei que sou bem bonitinho. Você é linda, é bem verdade. Sua foto parece ter saído de um book de modelos de revista.

Dezenas de postagens depois, você correspondeu me enviando um scrab. Dizia que sentia saudades dos meus recados escritos em português perfeito, quase um paradoxo entre os internautas.

Nossa conversa mais picante foi o ponto alto desse sentimento. Creio que só aconteceu depois do décimo oitavo encontro porque eu ainda precisava atingir a minha maioridade virtual. Nem sabia ligar a cam. Bom, isso são águas passadas. Mas até hoje não entendi porque você nunca consertou a sua cam. Queria ver teu rosto através de uma imagem que não fosse estática, inanimada.

O fato é que adoro receber as dezenas de mensagens que você me envia. Eu sei que um pedaço bem grande do mapa nos separa, mas vou juntar uma grana para ir até Minas ver você.

Minha menina do ciberespaço, porque você esta off line estes dias?
Porque seu perfil não anda mais ativo?
O que aconteceu com o seu provedor de e-mails, que anda devolvendo tudo o que eu envio? Juro que não sou SPAM.

A saudade é mega.

Meu coração está pixelado.

Te procurei no MSN, Orkut, Plugado, Face book, 1Grau, ebaH, Gaia, MEETin, Twitter, Hi5, MySpace, Muvuca, Netlog, LinkedI, Peepow, Gazzag, Sonico e até no vaiqueeuvou.com.

Não achei nada, nenhum comentário, nem e-mail, nem depoimento, nem sinal de fumaça virtual. Te imploro, volte a navegar comigo.

Eu não sei como te encontrar, eu nem sei o seu URL.

Fazer amor.com.você pela primeira vez no sábado foi mágico.

Faça login novamente, minha ninfa da rede.
Anete, se você ainda me ama, me envia um post...

Saudades imensas do seu
Tchuco "



----------------------------------------------------------------------Há seis quadras dali, no mesmo bairro, figurava na sala, em frente a um computador ainda ligado, o corpo de Anete.
Um estranho sorriso no rosto demonstrava que a morte a flagrou num momento de pura felicidade. A página aberta da internet denunciava a intimidade com Tchuco no momento dos orgasmos eletrônicos que os dois tiveram.
No laudo do IML, o perito atestava a causa mortis:

ANETE, 69 ANOS, MORREU DE AMOR.


TEXTO: Micheline Mustafa

14 de setembro de 2009

Eu Amo. Tu Amas. Nós Amamos.


Não interessa em que pessoa ou tempo verbal se conjuga esse verbo.

Importante é que sempre seja conjugado.
Aos quase 29 anos, ainda me vejo como se tivesse 20.
Mas aos 20, queria os 30.

E já faz algum pouco tempo que venho passando por um amadurecimento “forçado” pela vida.

Eu e meu irmão fomos criados pelos nossos pais para sermos independentes.
Recebemos de nossos pais amor e educação. De vez em quando presenciávamos uma discussão. Quando eu tinha 12 anos, eles se separaram. Meu irmão então com 9.
Aos 12, a figura do pai não estava mais presente fisicamente. Em 1995, aos 15 era a da mãe. O Rio Grande do Sul foi meu destino. Lá permaneci por 13 anos. Hoje, Curitiba.
Às vésperas dos 29, é tempo de olhar um pouco pra trás e ver o caminho que percorri até onde estou neste exato momento, não só sentado num sofá, às 3h da manhã da segunda-feira pós domingo de Páscoa. Vai um pouco mais além.
Dezenas de pessoas passaram pela minha vida.
Muitas destas me ensinaram um pouco do que eu carrego hoje.
Fiz muita festa.
Bebi bastante.
Fumei Marlboro por alguns anos, não me viciei e jamais qualquer outro tipo de droga.
Viajei a doidado a trabalho, cresci muito profissionalmente.
Chorei por amigos que tragicamente partiram.
Machuquei algumas pessoas. Me machuquei também.
Corri atrás dos meus sonhos e hoje vivo o melhor de todos.

Semana passada eu estava um pouco chateado com algumas das “normalidades” de um relacionamento. E por medo de errar é que mais erramos. Não compreendemos algumas coisas, embora o esforço para isto seja descomunal.

Não vivenciamos certas coisas e por isso, fazemos julgamentos errôneos. Não damos espaço para entender como quem de verdade é quem amamos. Sem intensão, ferimos e somos feridos.
Seria muito fácil pedir um tempo ao tempo e talvez depois nem voltar. Não acredito em “tempo”. Ou é, ou não é. Mas de que adiantaria desistir se o que temos hoje é sonho um dia sonhado. Desistir é não saber evoluir a alma. É não fazer o sentimento amadurecer. É depilar a barba pela metade.
Se você realmente está disposto a alguma coisa, você vai lá e consegue. Se existe amor, por que não tentar? Qual graça teria ou história aconteceria? Livro escrito pela metade. Para entender este livro, capítulos devem se começados e terminados. Lidos um após o outro.
Não quero dar uma de Jude Law, em “Alfie, O Sedutor”, conselhos sentimentais não são comigo, ou são de certa forma.

Se esse texto te servir pra alguma coisa, já me dou por satisfeito. Se vc convive com alguém que gosta muito, a primeira lição é como conviver.
Respeitar a outra pessoa, seus jeitos e costumes, embora possamos não gostar ou concordar com certas delas, se não forem realmente ruins, devemos respeitar. Você gosta de rock e ela gosta de pagode. Ela ama jiló e vc, pão com ovo. Vai entender...
Enfim, amar é saber respeitar a diferença que existe no outro sem que isto te afete amargamente. É a liberdade. É a paz. É a sua felicidade vivida pela outra pessoa. É a felicidade da outra pessoa vivida por você.
É a confiança, é a saudade, é o apego. O abraço e o beijo. É o teu sonho. É quem vc ama.
É o verbo que jamais se para de conjugar:


Eu te amo.
Tu me amas.
E nós nos amamos.







P.S.: ESTE TEXTO FOI ESCRITO POR UM AMIGO LINDO, com grandes olhos azuis e um carater incrivel: Fabio Selbach, valeu meu amor!

5 de setembro de 2009

A MENINA QUER AMOR DE NOVELA


Um dia disseram pra menina
Que o amor se encontra em qualquer lugar,
Quando menos se espera
E quando mais descabelada se está.

Só precisava de um bom parâmetro p
ra comparar o sujeito.

A menina noveleira

Concluiu que precisava de um RAJ
Cheio de gentilezas, homem poliglota,
Herdeiro de alguma grana
E que faz o que a mulher gosta.

A menina, decidida, saiu pra procurar seu Raj.
Rodou a cidade vasculhando bares, exposições, bibliotecas, leilões
Mas não deu jeito de encontrar um sujeito
Que se encaixasse no perfil global
Mas antes de desistir do bote
Entrou num show de pagode.

A menina encontrou um RAJ alto, forte, bom dançarino
com um suor escorrendo no rosto e lindos traços masculinos
Não demorou pra fisgar e fez o cara se apaixonar

Dois meses se passaram, sem que a menina tivesse reclamado
Tudo parecia perfeito, até que apareceram defeitos

Seu Raj não curtia rock, não ouvia Pink Floyd.
Não gostava de comida chinesa, nem de música sertaneja.
Não freqüentava clubes aquáticos, nem teatros performáticos.
Não tomava sorvetes de fruta e dizia detestar grutas.
Não se banhava em cachoeiras, nem navegava em voadeiras.
Seu Raj não ia ao cinema, não gostava, detestava esse tema.
Nem escalava, nem pedalava.
Não freqüentava curso algum, nem se interessava por ogum,
Não queria praia, nem floresta, não queria campo e nem festa,
Mas de pagode ele gostava,
Do barulho do tambor, do atabaque, do agogô.
E das cinturas mexendo,se entortando, contorcendo.

Seu Raj não é nenhum lorde,

Por mais que assim a menina quisesse.
Usa um perfume chinfrim e só come em botequim.
Não romantiza,
Nem verbaliza o amor.
Não a cobrirá de ouro, nem de jóias, nem tesouro.

A menina desanimou e chegou à conclusão fatal:
“Que homem chato encontrei na noitada,
Não inova, não quer nada.”


A menina desanimada
Terminou o romance cilada
Voltou a sentar ao sofá
Pensando numa solução
E assistiu mais um capítulo de ilusão na televisão

Foi aí que teve um insight
Pensando num plano novo.
“Amanhã, saio pra procurar um Dalith.
E começo tudo de novo.”



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