Há coisas muito piores na vida do que um sapato apertado, embora incomodem menos. Mas a culpa é sempre do sapato.
Isso porque o sapato dilacera sua carne até que você tome uma providência. Ele te força a agir rápido. E o resto, a gente vai deixando.
A conta que não foi paga, a peça do carro que não foi trocada, a consulta que não foi marcada, um pedido de desculpa que não foi feito.
E assim vamos levando.
Até que venha a multa, que o carro quebre, que a doença aconteça e que se estabeleça a mágoa.
Mas se fosse um sapato apertado, você agiria rápido.
Porque culpado mesmo é o sapato.
Se a fila do raio-x do aeroporto está grande, embora alguns já tenha se livrado dos metais na bandeja plástica, só pode ser por causa da alma de aço na estrutura dele.
Do sapato.
E para ser a mulher mais atraente da festa, se investe num modelo salto agulha, alto. Mas por causa dele, ela será a primeira a ir embora, sofrendo pela inclinação do pé.
Maldito sapato.
A caminhada fica mais curta se ele não amortece como deve.
Ele, o sapato.
No Japão, não entram em casa por trazer impurezas, micróbios.
Sujo, o sapato.
Se mesmo nos livrando do celular, das moedas e das chaves, a porta giratória do banco trava, ele é o responsável.
Tudo por causa do sapato.
Queremos o couro deles: dos bois, cobras, crocodilos e cabras.
Escalpeladores, os sapatos.
Mas mesmo para quem se atribui culpa, também há méritos.
Isso porque o sapato é o impulso da mudança.
Embora os saltos incitem à tentação, os esportivos nos prometem aventura.
Fechados nos trazem discrição, mas uma tira brilhosa aguça nossa vaidade.
Méritos do sapato.
O sapato do bebê, imortalizado em bronze, eterniza a lembrança.
O sapato da noiva, após o casamento, vira talismã.
O sapato lustrado pontua a favor do candidato ao emprego.
O sapato embaixo da cama vira a diversão do cachorrinho carente.
Sapatos protegem do chão quente, da poça de água, do caco de vidro deixado pelo bêbado que quebrou a garrafa na rua.
Assassinos deixam rastros através dele. Culpado, o sapato.
E se você engorda, não caberá no jeans.
Isso porque o sapato dilacera sua carne até que você tome uma providência. Ele te força a agir rápido. E o resto, a gente vai deixando.
A conta que não foi paga, a peça do carro que não foi trocada, a consulta que não foi marcada, um pedido de desculpa que não foi feito.
E assim vamos levando.
Até que venha a multa, que o carro quebre, que a doença aconteça e que se estabeleça a mágoa.
Mas se fosse um sapato apertado, você agiria rápido.
Porque culpado mesmo é o sapato.
Se a fila do raio-x do aeroporto está grande, embora alguns já tenha se livrado dos metais na bandeja plástica, só pode ser por causa da alma de aço na estrutura dele.
Do sapato.
E para ser a mulher mais atraente da festa, se investe num modelo salto agulha, alto. Mas por causa dele, ela será a primeira a ir embora, sofrendo pela inclinação do pé.
Maldito sapato.
A caminhada fica mais curta se ele não amortece como deve.
Ele, o sapato.
No Japão, não entram em casa por trazer impurezas, micróbios.
Sujo, o sapato.
Se mesmo nos livrando do celular, das moedas e das chaves, a porta giratória do banco trava, ele é o responsável.
Tudo por causa do sapato.
Queremos o couro deles: dos bois, cobras, crocodilos e cabras.
Escalpeladores, os sapatos.
Mas mesmo para quem se atribui culpa, também há méritos.
Isso porque o sapato é o impulso da mudança.
Embora os saltos incitem à tentação, os esportivos nos prometem aventura.
Fechados nos trazem discrição, mas uma tira brilhosa aguça nossa vaidade.
Méritos do sapato.
O sapato do bebê, imortalizado em bronze, eterniza a lembrança.
O sapato da noiva, após o casamento, vira talismã.
O sapato lustrado pontua a favor do candidato ao emprego.
O sapato embaixo da cama vira a diversão do cachorrinho carente.
Sapatos protegem do chão quente, da poça de água, do caco de vidro deixado pelo bêbado que quebrou a garrafa na rua.
Assassinos deixam rastros através dele. Culpado, o sapato.
E se você engorda, não caberá no jeans.
Mas continuará calçando o mesmo sapato.
Sapatos elevam a bailarina ao topo na ponta do pés.
Sapatos elevam a bailarina ao topo na ponta do pés.
Protegem deficiências de infância, encantam na mocidade e confortam na velhice.
Sapatos inspiram tendências, ilustram épocas, traduzem comportamentos.
Sapatos excitam fetichistas e ornamentam pés disformes.
Sapatos nivelam a altura dos casais.
E fazer os solteiros podólatras se apaixonarem.
Sapatos animam mulheres com corações despedaçados.
Calçam a frivolidade e a necessidade.
Diferenciam camadas sociais desde a antiguidade.
E glorificam o inusitado na moda.
Esqueçamos os calos e os joanetes.
E fazer os solteiros podólatras se apaixonarem.
Sapatos animam mulheres com corações despedaçados.
Calçam a frivolidade e a necessidade.
Diferenciam camadas sociais desde a antiguidade.
E glorificam o inusitado na moda.
Esqueçamos os calos e os joanetes.
E que venham nossos sapatos novos.
Porque não se pode negar o mérito deles.
Afinal, não é a toa que a gata borralheira só vira princesa quando o príncipe encontra ele, o sapato.
Texto: Micheline Mustafa
Afinal, não é a toa que a gata borralheira só vira princesa quando o príncipe encontra ele, o sapato.
Texto: Micheline Mustafa
Amei o texto...muito show mesmo!
ResponderExcluirAmo tudo relacionado a sapatos...meu sonho de consumo sempre foi sapatos!!!
vc arrasa em seus textos...!!!
Amo-te
tua fã!!
Amiga!!!!!!!!!!!!!!!! Vou copiar e mandar pras minhas amigas...
ResponderExcluirExcelente, parabéns!