;

6 de junho de 2012

FOGO


Desmistificar o amor não é fácil.
Toda estorinha romântica tem o peso de acabar bem para ter sido considerada boa.
A gente nao pode evitar esbarrar com essa expectativa, porque quando se fala em amor, o terreno é vulcânico.
Mas os fragmentos do romance podem ser tão bons quanto o texto corrido, com inicio, meio e sem fim (ruim).
Quem inventou "Happy End" nunca viveu o amor aos pedaços, sem desbloqueios, devaneios. Nao se escondeu pra ver o amor passar sorrateiro, enquanto vivia uma paixão tórrida em paralelo. Não entende o poder reconstrutor de um fora, de um flagra ou de uma traição.  Nao percebe que o amor pode ficar congelado e ser aquecido como uma marmita de uma semana. Basta ter fogo. Nao que queima a pele, mas que queima a alma. E basta muito pouco dele para incendiar o resto que sobra.
Desmistificar o amor não é simples.
Se despir de medos, dos jogos, tirar de cima as fraudes construidas, esquecer as convenções e as diferenças.Tudo perfeito para parecer ser merecedor do amor.
Desmistificar o amor pode torná-lo simples, descomplicado.
Para deixá-lo de fácil acesso pra chegar e sair quando for conveniente, mesmo que ele nao volte.
Amor é pra queimar enquanto há combustível.
E se o "Happy End" nao acontecer como nos filmes, a gente compra uma pá e recolhe as cinzas.

Texto: Micheline Mustafa

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Já que está aqui, fala!

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...